Saturday, July 03, 2010

Todos somos várias pessoas

Cruzei-me esta semana na rua com um escritor conhecido da nossa praça. Habituada à imagem de galã da referida personagem fiquei surpreendida com a conversa que o ouvi ter ao telefone.

De telemóvel em punho e aliança grossa e reluzente, que se destacava num look casual de fim-de-semana, dizia a alguém do outro lado da linha que não se tinha esquecido das salsichas para a filha mais nova e que ia buscar o mais velho e o do meio à escola. A conversa decorria com a terceira mulher que estava a preparar o fim-de-semana prolongado com os enteados, frutos de duas anteriores relações do escritor.

Não resisti a fazer um ar de espanto, do género "mas-tu-também-tens-preocupações comezinhas-e-tratas-das-tuas-crianças-e-até-te-passas-ao-telefone
-com-a-tua-mulher-como-se-fossem-assim-um-casal-normal?!"
É que sempre o tinha visto como um escritor mulherengo, livre e sem compromissos. E se calhar ele até é assim. Mas também é mais do que isso. Além de homem é pai, companheiro, filho... E em poucos segundos o impacto daquele encontro imediato fez-me pensar na quantidade de papéis sociais que representamos na vida.

Eu sou mulher, jornalista, filha, amiga, tia. Sou uma só Carolina, mas as minhas diferentes tarefas podem-me fazer parecer diferentes Carolinas...

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