Tuesday, July 12, 2011

Nada me faltará

Lembro-me dela da campanha do aborto. Não foi a figura de proa do Não como em 1998, mas apareceu nalgumas acções de campanha. No meio da colagem de um cartaz, em pelo Campo Grande, falei com ela à parte.

A princípio não queria, depois lá me disse que sim. Comecei por lhe falar das diferenças com a campanha de 98 e da ideia peregrina dela, de atribuir ao feto personalidade jurídica. Mas a minha pressa e falta de experiência fizeram-me dizer feto, em vez de embrião. Não me deixou acabar a frase: 'A senhora está a citar-me mal".

Foi a primeira vez que me cruzei com ela. Por mais duas ou três o meu trabalho me levou até ela. Não concordava com uma única ideia. Mas as pessoas são tão mais do que aquilo que concordamos com elas.

Do outro lado da ideologia, comovi-me com a dignidade e força com que viveu os últimos dias. A mesma força e coerência que a caracterizaram. Para sempre fica esta frase, escrita na crónica no DN, "foi bom viver estes tempos felizes e difíceis porque ter uma vida boa não é o mesmo que ter uma boa vida."

O mundo é dos que têm força.

2 comments:

Meg said...

então tenhamos. a ver se resulta.

carolina said...

estamos cá para isso:)