Todos os meses se esforçam por sobreviver. Acumulam empregos, não sabem o que é um subsídio de férias, nunca receberam a dobrar no Natal, têm 30 anos e continuam a receber ajuda dos pais.
Andaram na universidade e não se limitaram a quatro anos de estudos superiores. Procuraram formação extra-curricular, não se limitaram às quatro paredes de Portugal e tentam conhecer o mundo de mochila às costas.
Sabem falar de um universo de coisas. Conhecem a situação no Irão, as violações dos Direitos Humanos no Darfur, sabem qual é o perigo de Portugal pagar juros tão altos, distinguem o Quebra-Nozes do Lago dos Cisnes e não se limitam à formatação da cultura imposta pela tv.
Querem mais. Querem ser melhores. Mas vivem à rasca.
À rasca porque os sucessivos governos os deixaram nesta situação. Porque se foi permitindo que o emprego fosse um luxo para toda a vida, mesmo para os que só têm vontade de aparecer depois de almoço. Porque na função pública a promoção é automática, independentemente do que se faça ao fim do dia. Porque permitiram que se abrissem cursos sem o mínimo sentido.
No fundo, porque nos fizeram chegar ao estado em que estamos. Ao Portugal pequenino onde um jovem a recibos verdes que ganhe mil euros leve pouco mais de 500 para casa depois dos descontos. Descontos esses que não lhe dão direito a baixa, a licença de maternidade ou a reforma.
Hão de pagar isso tudo a alguém sim, mas não aos que vivem na corda bamba. Aos que dão o litro sem garantias de que amanhã haverá trabalho.
1 comment:
Próxima fase vai ser "Todos à rasca" excepto a elite do costume!
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