Monday, September 12, 2011

Na América


Não fui criada com a ideia de "que na América é que é bom". Pelo contrário, sempre olhei com desconfiança para o país.

Na minha educação de esquerda, os EUA não eram o berço da liberdade de expressão. Eram a imagem atual do colonialismo e imperialismo. Mas também me deram a conhecer outra América, a do Woody Allen, da Susan Sarandon, do Martin Luther King, do Movimento pelos Direitos Civis, do jazz a sul do Mississipi.

Depois fui crescendo e, meio às escondidas, comecei a ver Beverly Hills e a gostar de All Stars e de Levis. No pico da adolescência quis trocar a pacífica e histórica Praga pela cosmopolita Nova Iorque. No entanto, a minha desconfiança com a América e os americanos manteve-se.

Estive na rua a gritar contra a guerra do Iraque em 2004, sou activa na luta contra a pena de morte, completamente contra Guantánamo, muito crítica da falta de Segurança Social no país.

O ano passado visitei os EUA e percebi que, ao contrário do que se diz, os arrogantes, na maior parte das vezes, somos nós, europeus. Somos nós que nos achamos civilizacionalmente e culturalmente superiores. O que em vários aspectos corresponde à verdade, na Europa não há pena de morte, há Estado social e toda a gente tem mais do que duas semanas de férias.

Mas a América tem uma coisa, a meritocracia. É difícil ser-se um dia pobre e no outro milionário, não compro essa ideia do sonho americano. Mas do outro lado do Atlântico a escada social é muito mais fácil de subir. Muito mais. Nada está garantido, para o bem e o para mal.

Há dez anos eu via-a confiança americana ser abanada pela mais cobarde das maneiras, ainda sem saber que uma década depois estaria apaixonada pelo país.

4 comments:

Meg said...

Ou não tivesse sido possível a Barack Obama chegar a presidente do mais poderoso país do mundo.. =)*

carolina said...

:-)

kimikkal said...

Foi curioso ler este texto e lembrar que, também fruto de uma certa educação de esquerda, tive durante anos uma certa desconfiança em relação aos "states".

Por ironia do Destino, acabei por ter como mulher uma natural dos EUA, a qual tem mais de metade da família do outro lado do oceano (ou do "Pond", como eles gostam de chamar ao Atlântico).

Assim descobri um povo que abraça facilmente a novidade e não tem dificuldade em criar laços sociais ao mesmo tempo que possui uma ética de trabalho de fazer inveja.

Claro que nem tudo são rosas, aliás, acho que essa é a grande marca dos EUA: Tem muito de negativo? Tem (basta lembrar Bush...),mas também tem em igual proporção muito de positivo a dar ao mundo, compete-nos orientar a nossa atenção para o lado que queremos conhecer.

carolina said...

kimikkal, os EUA são um mundo, em muito melhor do que aquilo que imaginamos. bjs