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Num documentário sobre "A Queda" - o filme alemão que mostra os últimos dias de Hitler -, a dada altura a secretária do ditador diz que se arrepende de não ter "feito frente" ao III Reich.
O momento do arrependimento aconteceu no pós-guerra quando passou por um memorial improvisado em honra dos resistentes do nazismo e viu o nome de uma rapariga da sua terra, da mesma idade, que acabou por morrer. Conta Traudl Junge que ao ver uma rapariga da mesma origem e idade seguir um caminho oposto ao seu viu que, afinal, também poderia ter feito o mesmo.
Penso sempre nisto sempre que me dizem que, às vezes, temos de nos acomodar aos regimes e às situações por não termos força para os combater.
Irena Sendler escolheu o caminho da solidariedade, honra e dignidade. O caminho do combate. Em nome dos valores em que acreditava - tão simples como a solidariedade-, percorreu o gueto de Varsóvia levando comida e medicamentos aos judeus. Até à evacuação do gueto, em 1942, resgatou 2.500 crianças judias, levando-as escondidas para que pudessem sobreviver.
O feito valeu-lhe a prisão e tortura em 1943. Em 2007, foi proposta a Prémio Nobel da Paz, num ano em que o laureado foi Al Gore.
Desaparecida desde 2008, deixou para a eternidade uma mensagem: "Fui educada na ideia de que é preciso salvar qualquer pessoa (que se afoga), sem ter em conta a sua religião ou notoriedade". Eu também acredito.
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