Talvez aquilo que mais goste em Michelle Bachelet seja o facto de ter resistido à ditadura de Pinoche. Depois de ter sido expulsa do país, quando o pai já tinha sido morto pelo regime, não baixou os braços e fez um caminho que a levou em 2006 à presidência do país.
É sempre uma heroína que não tem a palavra nunca no vocabulário, mas que mesmo assim se consegue apaixonar, que vejo quando penso em Bachelet.
Ontem, ao ver a entrevista que deu a Mário Soares na RTP1, reparei pela primeira vez numa das suas "obras" que vai deixar no Chile. A atribuição de uma reforma a todos os chilenos, incluindo às donas-de-casa, que até aqui não tinham direito a nada. Reformas a quem nunca trabalhou, argumentarão com aparente lógica as vozes de direita.
Não. Trata-se de justiça social. Sem ser feita de forma demagoga e em democracia (adoro dizer esta palavra com sotaque latino-americano). E progresso. Sim, também se trata de progresso, principalmente, numa cultura onde o homem ainda é o actor principal nas relações.
Parece pouco. Mas faz uma grande diferença. Hoje, já não há mulheres dependentes no Chile.
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