Dizer que a experiência foi avassaladora é pouco. A subida ao ponto mais alto de Portugal (2351m)foi dura. Muito dura. Apanhámos chuva, frio, nevoeiro, vento, tive de fazer escalada e o diabo a sete para não me espetar por ali abaixo.
Quando chegámos aos 1700m, o guia voltar para baixo, mas não fazia sentido nenhum ir escrever uma reportagem sobre a subida ao Pico sem subir... Era a pessoa do grupo com mais dificuldades no trajeto... mesmo assim só havia uma decisão: continuar a subir. Ao fim de quatro horas, já de luvas e carapuço, a bater o dente por todo o lado chegámos lá acima.
Na cratera a sensação de conquista é incrível. Não pensei na quantidade de vezes que me assoei às mãos, porque os lenços praticamente se evaporavam, nem na roupa que de tão molhada que estava se colava completamente ao corpo, nem nos dedos que já não sentia, muito menos no facto de ter de fazer xixi acocorada entre pedregulhos. "Consegui" era a única coisa que me assaltava a mente.
E se a subida foi difícil, mais complicada foi a noite. O vento fez com que a tenda caísse por cima de nós várias vezes. O frio não nos deixou pregar o olho. Só que a luz das estrelas e vista sobre o resto da terra, que ali parecia tão pequenina, compensou a alma.
O mais difícil estava para vir no fim. A descida durou cinco horas. O cansaço nas pernas e o piso escorregadio deixaram-me quase sem fôlego, valeu o atencioso guia Manuel, que não me deixou por um minuto.
Se fosse hoje, varia tudo de novo.
PS: A aventura está nas páginas da REVISTA do Expresso da semana passada:-)