
Tuesday, October 26, 2010
Les Amants Reguliers
Mal li a sinopse percebi que o filme tinha tudo para entrar no meu Hall of Fame. Amor, revolução, Maio de 68, Paris, conquista. Mas só quando me sentei na sala do cinema é que vi que 'Os amantes regulares' é um dos filmes da minha vida.
Foi a ele que fui buscar o nome deste blogue. Foi com ele que vivi uma época com a minha mãe. Foi com ele que aprendi a dizer adeus.
Para sempre a cena de amor em que, no meio da batalha campal que era Paris em 68, ele lhe diz a ela que 'A manhã é italiana e a noite alemã'. A vida começou ali.
Sunday, October 17, 2010
Como um rochedo
Sou uma rapariga bem criada. Tive direito a todos os mimos e mais alguns deste mundo. O papá e a mamã nunca me faltaram com nada. Nem material, nem emocional.
Se por um lado nunca me disseram que 'não' a todas as coisas que lhes pedia, por outro sempre me explicaram que éramos privilegiados e que isso vem com responsabilidades acrescidas. Daí que tenha aprendido o valor do dinheiro, do trabalho, da dignidade, da solidariedade, da compaixão, da amizade, da partilha.
Fui filha única numa família onde a casa esteve sempre cheia. Desde cedo conheci pessoas e países que a maioria dos meus colegas - da escola pública "porque é importante conviver com crianças de todos os estratos sociais" -, nunca tinham ouvido falar.
Ensinaram-me a não fazer as coisas superficialmente. Se somos amigos, somos AMIGOS, se somos companheiros, somos COMPANHEIROS, se vamos à luta, então... preparamos-nos para entrar em guerra.
Depois cresci. Construí-me na pessoa que sou hoje com os alicerces que os meus pais me foram dando. Aproveitei cada bocado de experiência de vida, cada amigo, cada história, cada viagem.
Tornei-me mulher e com isso veio a parte mais difícil. O ter de conquistar aquilo que não era um bem adquirido. Apesar de não ser fácil para muita gente, a verdade é que depois de uma "vida de princesa" a vida levou-me a travar muitas batalhas.
Tantas que um dia ouvi o meu pai dizer, sem saber que eu estava a ouvir, que tinha orgulho em mim, porque eu não desistia, não tinha medo do trabalho, era esforçada em tudo o que fazia.
E era. Aliás, sou. Como diz a A., "tu procuras sempre o que é mais difícil'. Respondo-lhe que cada um é para o que nasce, por isso já desisti de mudar o meu dna.
Travei muitas batalhas, perdi quase todas as guerras. Mas também ganhei nessas derrotas. Fortaleci-me. Transformei-me numa pessoa que aguenta tudo o que lhe vão dizer. Mesmo que doa. E dói tanto. Tanto.(e são tantas as vezes em que a dor é mais forte que a minha capacidade de respirar) Mas aguento-me. Oiço. Reflito. Penso. E faço a digestão de cada problema de uma vez.
O caminho que tenho pela frente ainda é muito longo. Mas mesmo nos meus dias de maior cansaço nunca me passa pela cabeça desistir. Continuo a guiar-me da mesma maneira. A única coisa que mudou é que me tornei dura. Como um rochedo.
Se por um lado nunca me disseram que 'não' a todas as coisas que lhes pedia, por outro sempre me explicaram que éramos privilegiados e que isso vem com responsabilidades acrescidas. Daí que tenha aprendido o valor do dinheiro, do trabalho, da dignidade, da solidariedade, da compaixão, da amizade, da partilha.
Fui filha única numa família onde a casa esteve sempre cheia. Desde cedo conheci pessoas e países que a maioria dos meus colegas - da escola pública "porque é importante conviver com crianças de todos os estratos sociais" -, nunca tinham ouvido falar.
Ensinaram-me a não fazer as coisas superficialmente. Se somos amigos, somos AMIGOS, se somos companheiros, somos COMPANHEIROS, se vamos à luta, então... preparamos-nos para entrar em guerra.
Depois cresci. Construí-me na pessoa que sou hoje com os alicerces que os meus pais me foram dando. Aproveitei cada bocado de experiência de vida, cada amigo, cada história, cada viagem.
Tornei-me mulher e com isso veio a parte mais difícil. O ter de conquistar aquilo que não era um bem adquirido. Apesar de não ser fácil para muita gente, a verdade é que depois de uma "vida de princesa" a vida levou-me a travar muitas batalhas.
Tantas que um dia ouvi o meu pai dizer, sem saber que eu estava a ouvir, que tinha orgulho em mim, porque eu não desistia, não tinha medo do trabalho, era esforçada em tudo o que fazia.
E era. Aliás, sou. Como diz a A., "tu procuras sempre o que é mais difícil'. Respondo-lhe que cada um é para o que nasce, por isso já desisti de mudar o meu dna.
Travei muitas batalhas, perdi quase todas as guerras. Mas também ganhei nessas derrotas. Fortaleci-me. Transformei-me numa pessoa que aguenta tudo o que lhe vão dizer. Mesmo que doa. E dói tanto. Tanto.(e são tantas as vezes em que a dor é mais forte que a minha capacidade de respirar) Mas aguento-me. Oiço. Reflito. Penso. E faço a digestão de cada problema de uma vez.
O caminho que tenho pela frente ainda é muito longo. Mas mesmo nos meus dias de maior cansaço nunca me passa pela cabeça desistir. Continuo a guiar-me da mesma maneira. A única coisa que mudou é que me tornei dura. Como um rochedo.
Sorrisos que consolam
Friday, October 15, 2010
Parecer
Wednesday, October 13, 2010
Sunday, October 10, 2010
Tão verdade que até dói...
A propósito do que se passa na China
"Há pessoas que lutam um dia e são boas,
há outras que lutam um ano e são melhores,
há aquelas que lutam muitos anos e são muito boas,
mas há pessoas que lutam a vida toda,
estas são imprescindíveis."
Bertold Brecht
Hoje, depois de visitar o marido na prisão, a mulher Liu Xiaobou foi colocada em prisão domiciliária.
Este post é dedicado a todos os que "abençoam" a China como potência do futuro.
há outras que lutam um ano e são melhores,
há aquelas que lutam muitos anos e são muito boas,
mas há pessoas que lutam a vida toda,
estas são imprescindíveis."
Bertold Brecht
Hoje, depois de visitar o marido na prisão, a mulher Liu Xiaobou foi colocada em prisão domiciliária.
Este post é dedicado a todos os que "abençoam" a China como potência do futuro.
Saturday, October 09, 2010
Uma das mais belas descrições de liberdade
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Thursday, October 07, 2010
Noite
É quando a cabeça cai na almofada que a realidade me faz refletir. As horas perdidas do dia a reviver momentos, o peso da dor no coração, o desconforto de quem passou um dia "quase bem". (Aqui o quase é uma palavra tão terrível...)
Depois vem uma espécie de crença num futuro mais sorridente. Mas os dias passam e ele - esse futuro melhor - teima em não chegar. Entre as voltas e revoltas na cama, o sono que atrasa de dia para dia, a ansiedade em descansar, umas gostas de racionalidade colocam um travão na realidade avassaladora. E assim sigo todos os dias. E assim suporto todas as noites.
Depois vem uma espécie de crença num futuro mais sorridente. Mas os dias passam e ele - esse futuro melhor - teima em não chegar. Entre as voltas e revoltas na cama, o sono que atrasa de dia para dia, a ansiedade em descansar, umas gostas de racionalidade colocam um travão na realidade avassaladora. E assim sigo todos os dias. E assim suporto todas as noites.
Sunday, October 03, 2010
De um dia para o outro
O frio superou o calor. Quase sem dar por isso as estações mudaram. À velocidade da luz.
Isto, numa altura em que nesta casa ainda não havia nada preparado para receber o frio. Nadica de nada! Não há roupa da nova estação à mão, nem sapatos, nem guarda-chuvas, N-A-D-A. É que ainda ontem eu fui à rua de sandálias nos pés e t-shirt...
Como eu tenho pouca coisa que fazer, toca de improvisar até conseguir dar um salto às lojas. (Não, não se trata de uma futilidade, é que eu perdi 24 quilos nos últimos meses e a roupa não me serve. Cai-me do corpo, literalmente)
Detesto ser apanhada de surpresa!!!!!!!
Isto, numa altura em que nesta casa ainda não havia nada preparado para receber o frio. Nadica de nada! Não há roupa da nova estação à mão, nem sapatos, nem guarda-chuvas, N-A-D-A. É que ainda ontem eu fui à rua de sandálias nos pés e t-shirt...
Como eu tenho pouca coisa que fazer, toca de improvisar até conseguir dar um salto às lojas. (Não, não se trata de uma futilidade, é que eu perdi 24 quilos nos últimos meses e a roupa não me serve. Cai-me do corpo, literalmente)
Detesto ser apanhada de surpresa!!!!!!!
Por muito bem que tenha sabido
receber um ramo de flores, no trabalho, vindo de um admirador... quando não vem da pessoa desejada não tem o mesmo sabor...:(
Querida A.,
Há noites em que vou para cama, sem ter um mais que tudo ao lado, e lembro-me de vocês os dois. É o suficiente para voltar a acreditar no Amor. Parabéns!!!!